*Foto: Luiza Bongir
Na semana do meio ambiente fomos conversar com o M.A.S.S.A.L.A.S. (Movimento da Alquimia dos Saberes em Saúde, Alimentação e Ambiente Saudável) para conhecer a fundo o projeto Bem Composto, que mal começou a operar e já está gerando impactos positivos para a nossa cidade. Encontramos, na terça de manhã, em um dos pontos de coleta do Bem Composto, a Horta Urbana do Boulevard Shopping, com os idealizadores Gui e Filipe, e com o Rodrigo, um grande agente que se juntou ao projeto há cerca de dois meses e contribui para o contato com os apoiadores e o manejo do resíduo.
O Gui nos contou que o projeto surgiu a partir do trabalho realizado com crianças no Instituto Cresce, chamado Baldinho Leva e Trás, onde os voluntários passavam de bicicleta recolhendo os resíduos orgânicos de moradores e trabalhavam com ele na compostagem, com o composto na horta, e com os insumos da horta na cozinha. Com a redução dos incentivos de grandes empresas na ONG surgiu a necessidade de estudar novas economias e novas práticas para tornar o projeto sustentável do ponto de vista financeiro. Foi observando alguns modelos de negócio que já funcionavam no Rio que eles se atentaram para a possibilidade de trabalhar com pessoas que já estão despertas para a questão do lixo e que possuem responsabilidade no descarte da matéria orgânica.
Há dois anos, eles começaram a desenhar o projeto com ajuda da Ana Charnizon da Educação Harmônica, um momento para entender melhor o negócio que eles queriam criar. Descobrimos que tudo foi vocacionalmente acontecendo de forma orgânica: o projeto partiu de uma semente e foi ganhando galhos e raízes a cada novo encontro, se moldando de acordo com o que os meninos trocavam com clientes potenciais e parceiros. De uma simples coleta de resíduo eles partiram para a ideia da moeda social e no inicio da operação já entenderam formas de tornar o modelo escalável para operar em outras regiões e até mesmo outras cidades.
Segundo Filipe, de abril de 2016 – quando a ideia surgiu – até hoje muito estudo, levantamento, hipóteses foram analisadas para chegar no projeto que se desenha hoje. O Bem Composto possui 4 planos. O primeiro é o Ponto de Coleta, onde o apoiador entrega seu resíduo uma vez por semana, trocando o baldinho com o descarte orgânico por um vazio nos pontos espalhados pela cidade, sendo eles:
CLIC
– Terças e Quintas, das 17h às 19h – (Rua Lavras, 653, São Pedro.)
Guaja
– Segunda a Sábado, das 09h às 22h (Av. Afonso Pena, 2881)
CSA Nossa Horta / Museu de Minas e Metais
– Sábado de 8h às 12h (Praça da Liberdade, s/n, Funcionários)
Vila João de Barro
– Segunda e Terça 08h às 18h – Sábado 08 às 14h
Rua Afonso Pena Mascarenhas, 416 – Vila da Serra – Nova Lima
Casa Horta | Be Green
– Segunda a Sábado, das 08h às 21h – Domingo, das 08h às 20h
R. Prof. Otaviano Almeida, 36 – Santa Efigênia
Na segundas-feiras é quando acontece a rota de coleta, os baldinhos cheios são coletados, outros vazios e limpos são deixados nos pontos e o resíduo destinado para a compostagem. O mais incrível é que o resíduo entregue na Vila João de Barro é manejado por eles mesmo, no próprio espaço para fortalecer o cultivo de alimentos do armazém livre de agrotóxicos.
Outros dois planos são as coletas quinzenais e semanais na residência dos apoiadores. E por último um plano destinado para estabelecimentos comerciais, feito sob medida para empresas que sabem da importância de fazer o descarte adequado o seu resíduo orgânico.
Para apoiar basta entrar no site e escolher o plano mais adequado para o seu tipo de consumo. O apoiador contribui com uma quantia fixa mensal que vai de R$ 60,00 a R$ 100,00 para pessoa física e de R$ 100,00 até R$ 600,00 (no caso de um estabelecimento de grande porte que gere muito resíduo não cru, in natura, e sim de restos de comida) e em troca, além de ter o seu descarte orgânico transformado em adubo ele recebe uma moeda social, as Massalas, que pode ser trocada por vouchers de descontos em diversos parceiros. A moeda social incentiva um consumo mais sustentável, apoiando iniciativas locais. A Casa Horta é um exemplo, onde o apoiador com apenas 10 massalas (no plano básico o apoiador recebe no mínimo 10 massalas por mês), ele troca por 10% de desconto em qualquer produto da casa que vão de livros à cenoura, tudo agroecológico, produzidos pela agricultura familiar.
Além da Casa Horta, é possível reverter as Massalas em descontos em produtos da Vila João de Barro, do Coletivo Mujique, em entregas da Dizzy Express e também em produtos na Feira Fresca! É só entrar no site deles, trocar suas massalas recebidas por um voucher Feira Fresca de até R$ 60,00 ou R$ 100,00 e escolher o produtor de sua preferência em uma das nossas feiras para ganhar o desconto. As vantagens são muitas, mas, apesar disso o Bem Composto encontra algumas dificuldades para se disseminar amplamente, pessoas que não entendem a logística por de trás dessa coleta e manuseio questionam a contribuição. Lembramos aqui a importância do trabalho que os meninos fazem e que o recolhimento de lixo, até mesmo o que a prefeitura faz, requer contribuições para manter a logística de recolhimento e para que o lixo tenha uma destinação.
Para o futuro os meninos sonham em retornar esse adubo produzido a partir dos resíduos dos apoiadores para os parques e praças da cidade, também desejam que o projeto se expanda para outras cidades e regiões e já falam de planos para criar um selo de sustentabilidade para os estabelecimentos que fazem a destinação correta do resíduo orgânico. Estamos ansiosos para ver o desdobramento desse projeto. O Bem Composto é construído por uma rede linda que só tem a crescer com a adesão de novos apoiadores.
O MASSALAS tem uma visão de futuro muito valiosa! E o trabalho que já realizam hoje é de suma importância para todos.