Por FoodColab*
A história do Vicente Pinto Coelho Bloise começou como a de muitas pessoas no ramo alimentício artesanal: por acaso. “Começamos por mera curiosidade, quando eu fazia umas massas no sítio de um amigo para “as cobaias presentes”. Na verdade, essas pessoas foram minha fonte de inspiração e criatividade”, lembra Bloise. Entre uma rodada de massas, o negócio foi se tornando interessante, pois de provadores, os amigos passaram a fazer encomendas e a divulgar os produtos.
“Sem dúvida, meu negócio foi impulsionado por essa rede de amigos”, reconhece o administrador de empresas com gestão em marketing, pós graduação em gestão de pessoas e competitividade e também formado em ciências biológicas.
Em 2013, Bloise deu um passo para ter o negócio próprio e decidiu abrir sua pequena fabriqueta caseira: a Massas Artesanais Don Vincenzo, cujo carro-chefe eram as massas alimentícias secas com farinha de trigo e farinha integral, com ingredientes como ervas aromáticas e legumes, num processo de produção totalmente artesanal. Seu diferencial estava no sabor da massa, que, segundo ele, pode ser degustada sem molhos. “A receita da massa inclui 12 tipos de ervas e legumes”, simplifica ele, sem dar detalhes da alquimia usada na cozinha.
MERCADO EXIGENTE Desde o início alguns itens sempre permearam a pequena estrutura de Bloise. A começar pelo cuidado em produzir alimentos sem conservantes e sem corantes, e principalmente com tempo de prateleira, para atender a um mercado cada vez mais exigente. Para Vicente Pinto Coelho Bloise, sempre foi fundamental trabalhar seguindo os princípios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), enfocando limpeza, estrutura e organização. “É bom salientar que para manter um padrão Anvisa, o pequeno produtor é castigado com inúmeras exigências cabíveis aos grandes conglomerados alimentícios”, pontua o produtor.
Em meados de 2015, Bloise procurou ajuda no Mãos de Minas, onde recebeu orientação por meio do Centro Cape, a ter um selo de certificação do Instituto de Qualidade e Sustentabilidade (IQS) como diferencial para este mercado de alimentação.
A paixão pelas panelas, rolos de massa e pelo fogão recebeu pitadas de experiências ao longo da vida. Um pouco veio do legado deixado pelos avós italianos e, sem dúvida, o aprendizado com a mãe, que era uma exímia cozinheira. Depois de iniciar o negócio, muita leitura e aprendizado, Vicente buscou se aprimorar por meio de cursos no Senac de Minas Gerais e São Paulo, além de um estágio em uma cantina no tradicional bairro da Mooca, na capital paulista. “Minha paixão, na verdade, sempre foi primeiro degustar… e depois fazer”, revela.
AJUDA PARA EMPREENDER
Desde o início do negócio, Vicente Bloise buscou ajuda de instituições, como o Mãos de Minas e o Sebrae, que orientam micro e pequenos empreendedores que desejam iniciar um pequeno negócio. Para ele, esse tipo de iniciativa é importante, mas as orientações muitas vezes eram bem distantes da realidade. Vicente recorda que, no início, surgiram inúmeras ideias como compras coletivas com parceiros, troca de experiências etc., mas isso só ficou nas palavras.
“As associações são uma forma de contribuir, ajudar a divulgar e alavancar a venda de nossos produtos, trocar experiências. Mas é difícil conseguir algo sozinho, sem apoio de uma instituição que nos dê sustentabilidade financeira, de fácil acesso, para começarmos a gerar produtos inovadores e, consequentemente, empregos. Os tempos mudaram e a competitividade é enorme”, comenta.
Na sua fabriqueta de massas trabalham Vicente, a esposa, o filho e dois empregados. Sua estratégia para lançar novos produtos partiu da iniciativa de um dos gestores do Centro Cape, que prevê um pequeno check list com 25 perguntas sobre o produto, que são entregues a 35 consumidores para que sejam analisados itens como: consistência, tempo de cozimento, sabor, aroma, cor etc. “Entregamos uma amostra de 250g para cada participante desse teste e o documento, com as respostas, é recolhido após uma semana e analisado. Tendo em média 85% de aprovação, o novo sabor é lançado ao mercado consumidor”, explica Vicente.
Além da clientela fiel, as Massas Don Vincenzo são comercializadas em feiras de alimentação e artesanato, entre elas Feira Fresca, Feira Rola Moça, Feira Cult BH, Feira Charme Chic, Feira do Bem, Bazarte, Amadoria e Mercadoria. Em média, a Massas Don Vincenzo participa de 12 a 15 feiras por mês. Seus produtos podem ser encontrados também em lojas e empórios de Belo Horizonte, Grande BH e em alguns restaurantes do interior de Minas e do Rio de Janeiro que usam as massas nos seus pratos.
Para crescer, Vicente diz precisar aprimorar sua estrutura. “Quero muito diversificar as massas, para melhor atender minha clientela, fidelizar o público e também parceiros e, claro, aumentar o faturamento. Estamos estudando a viabilidade de montarmos cursos de massas artesanais, presencial e via internet, em parceria com uma pequena escola de gastronomia de Belo Horizonte”, diz.
FAZENDO O BEM
A Massas Don Vincenzo faz doações quinzenalmente ao Centro Espírita Manoel Felipe Santiago, no Bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte, e participa do projeto Macarronada Solidária, que alimenta os moradores de rua todos os domingos na capital.
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* Essa reportagem é a primeira de uma série a ser realizada pelo FoodColab em parceira com a Feira Fresca.
O FoodColab é uma plataforma colaborativa sobre alimentos, sustentabilidade e inovação, dedicada a gerar conteúdo, conexões e negócios.
A Feira Fresca é uma iniciativa que reúne em média 25 produtores de alimentos e ocorre semanalmente em BH.
Acompanhe a agenda dos dias e locais da feira pelo site www.feirafresca.com.br ou pelo Facebook e Instagram: @feirafresca.